Crítica | Que Mal Eu Fiz a Deus?
- Larissa Freitas
- 4 de abr. de 2016
- 2 min de leitura
Um filme sobre o carma
Eu posso estar enganada, mas aposto alguns dinheirinhos que você nunca ouviu falar nesse filme e nem viu nenhum destes atores. Acertei, né? Que pena, porque este é um dos melhores filmes de comédia que eu já vi.
"Que Mal Eu Fiz a Deus" é um filme francês, lançado ano passado e que conta com um elenco muito talentoso. Você deve estar pensando que não é comum avaliar a capacidade de um ator em filme de comédia, já que a maioria dos longas deste gênero costumam ter temas rasos, que não dão oportunidade para demonstrar um grande talento. É aí que você se engana, prezado leitor.
Assim como você, eu também nunca tinha visto nadica de nada com nenhum dos integrantes deste elenco, o que de certa maneira, foi maravilhoso. Não há substitutos para a sensação de se surpreender com a atuação de desconhecidos em um filme, pelo menos não para mim.
Superando o assombro inicial, comecei a notar o quanto o humor é inteligente. O filme aborda tanto a xenofobia quanto outros preconceitos da sociedade de maneira leve e engraçada, sem ser ofensiva em nenhum momento.
Inclusive, faz você perceber que o prejulgamento nem sempre vem acompanhado de uma personalidade ruim. Tem muita gente bacana que, por motivos incompreensíveis, acaba discriminando alguém, seja por sua cor, cultura, modo de se vestir ou até mesmo pelo jeito de falar. Isso torna a coisa mais aceitável? Obviamente que não, mas consegue te fazer olhar com outros olhos algumas situações. Veja bem, só algumas. Mesmo assim, aquela vontade de chacoalhar (no mínimo) a pessoa até ela deixar de ser ignorante, não passa.
Outro ponto muito interessante é que tudo que o patriarca da família Verneuil mais queria na vida era que suas quatro filhas casassem com homens tradicionais, brancos, católicos, conservadores, com uma situação financeira boa... Mas a vida trouxe para ele quatro genros que são o oposto disso tudo. Quer maior prova de que o Carma existe do que essa? Hahaha. Foi como se Deus falasse assim: meu filho, vem cá. Deixa eu te mostrar o quanto os seus princípios estão equivocados.
E o mais fantástico disso tudo é que o filme mostra que é possível mudar de opinião. É possível admitir seus erros, pedir perdão e aproveitar a vida muito mais livre e feliz. Deve ser como se você tivesse usado antolhos durante toda a sua existência e, de repente, alguém tira aquilo de você. É um mundo novo ali, inteirinho, cheio de pessoas extraordinárias que você não conheceu antes porque não conseguia enxergar através de seus conceitos equivocados.
Assim como muitos outros filmes europeus de comédia, além de ser muito divertido, é capaz de levantar questionamentos tanto sociais, quanto pessoais. E a gente bem sabe que qualquer coisa que capaz de adicionar bons conhecimentos pra nossa vida é válido, né?
Então, se você está procurando aprender e rir bastante ao mesmo tempo, assista. Eu te juro de pé junto que você não vai se arrepender. Olha que estou fazendo essa promessa por escrito e assinada, hein?
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