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Crônica | A Crônica dos Inventores Ignorados

  • Larissa Freitas
  • 25 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura


Hoje acordei bem cedinho pra ir ao médico e, ao ligar o carro, meu marido percebeu que tinha algo errado. Que ótimo.


Ativando o mecânico interior que parece existir dentro de alguns homens (e mulheres), ele saiu do carro, abriu o capô e, após uma rápida análise, descobriu que uma mangueirinha que se liga ao motor estava rachada e vazando água, fazendo a temperatura do carro subir rapidamente.


Durante o período em que ele e o pai tentavam fazer uma gambiarra ao estilo “jeitinho brasileiro” pra resolver temporariamente o problema, fiquei observando toda aquela maquinaria e pequenas peças que fazem o carro funcionar e pensei: quem inventou (pelo que pesquisei no google, foi um cara chamado Karl Benz, mas me corrijam se eu estiver errada) isso era mesmo um gênio. Imagina o trabalhão que ele não teve pra criar e juntar todas aquelas coisinhas até virar um carro de verdade? E nós aqui, anos depois, ainda usando e aproveitando o fruto do seu esforço, agora aprimorado por décadas de evolução.


A gente não aprecia realmente essas coisas, né? Passa batido no nosso dia a dia. Utilizamos tantos produtos ao longo dos anos, todos criados por pessoas que dedicaram tempo de sua vida pra chegar naquele resultado, tudo pra gente nem saber o nome deles.


Eu sempre tive curiosidade de saber o porquê das coisas. Fico imaginando como que um dia, uma pessoa falou: nossa, como seria legal ter alguma coisa que eu pudesse só jogar a fruta ali dentro, adicionar água e já saísse um suco pronto. Será que não existia suco de maçã antes da invenção do liquidificador (que foi adaptado como aparelho doméstico por Stephen Poplawski)? Porque a laranja dá pra espremer manualmente, mesmo dando um trabalho danado, e fazer o suco, mas e a maçã? E vitamina de banana? Não tinha jeito.


Claro que existem filmes/documentários sobre Karl Benz, Henry Ford, Steve Jobs e Bill Gates, mas ninguém quer contar a história do criador da máquina de lavar roupa ou do moço que inventou o ferro de passar. Sabia que foi um homem chamado Percy Spencer que criou o forno micro-ondas? Não, né? Pois é! E é graças a ele que hoje podemos fazer bolo de caneca, esquentar o leite sem ter que sujar a leiteira e aquecer aquela comidinha gostosa que fizemos no almoço e guardamos pra repetir a dose no jantar.


Quando meu marido me cutucou e disse que já podíamos ir (mangueirinha devidamente colada com silver tape HAHAHA mentira, mas poderia ser verdade), acordei desse devaneio que parece inútil, mas não é. A nossa vida e nossos pequenos feitos diários podem parecer insignificantes pra muitas pessoas e, em alguns momentos, até pra nós mesmos (aposto que o inventor do ferro de passar já se perguntou: pra que que eu tô fazendo essa merda? Ninguém vai usar/ver isso!), mas tudinho que a gente faz durante nossa curta existência no planeta terra, importa.


Faz diferença se você segura a porta aberta pra senhorinha passar, se você deixou aquela criança ficar devendo um real em balinhas, se você diminui a velocidade do carro pro cadeirante atravessar a rua ou se você passa o café de manhã, mesmo detestando a bebida, só pra sua esposa acordar e já estar pronto (obrigada, marido).


Sei que esse discurso já é mais do que batido, mas é sempre bom relembrar que custa zero reais ser grato pelas pequenas coisas que facilitam o seu dia a dia (obrigada, inventores de todos os eletrodomésticos) e muito menos fazer algo de bom ao próximo, seja ele amigo ou desconhecido.


Tá, provavelmente não vão produzir um filme sobre suas boas atitudes (já que nem mesmo o cara do micro-ondas recebeu essa homenagem), mas você nunca será esquecido pelos que usufruíram delas e, com toda certeza, será eternizado com gratidão pelos que te amam. Eu posso viver com isso. E você?





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