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Resenha | O Rouxinol - Kristin Hannah

  • Larissa Freitas
  • 4 de fev. de 2018
  • 4 min de leitura


A Melodia da Guerra


Minha avó gostava de conversar sobre a Segunda Guerra Mundial comigo e, por isso, sempre adorei ler livros e assistir a filmes que me contassem um pouco mais da vida dos heróis que lutaram e sobreviveram em um dos períodos mais sombrios da história.


Mas acontece que, durante todos esses anos, nunca tinha lido nada sobre a extensão dos danos que a guerra causou a França. Eu já sabia que o país não tinha tido outra alternativa a não ser a rendição, mas não sabia, por exemplo, que soldados de altas patentes selecionavam casas confortáveis e exigiam que os moradores os aceitassem como hóspedes. A opção era abandonar o imóvel e deixá-lo de presente ao soldado, mas em plena invasão nazista, para onde a família que ali morava iria?


O Rouxinol” conta a história de duas irmãs que, mesmo com personalidades completamente opostas, acharam uma maneira de resistir e lutar pelo seu país e seu povo. Tudo isso em uma época em que as mulheres eram ainda mais menosprezadas do que são hoje em dia e, ainda assim, conseguiram realizar feitos que colaboraram com a vitória dos países Aliados.


Kristin Hannah também nos mostra que alguns soldados alemães não tinham ideia da proporção que a crueldade poderia tomar e se sentiram devastados com isso, mas já não podiam sair dessa guerra a não ser dentro de um caixão. É fácil generalizar e demonizar todos os guerreiros alemães, mas muitos foram obrigados a abandonar a família, sofreram lavagem cerebral e foram levados a acreditar que estavam fazendo um bem para a humanidade, sem nem imaginar que existiria toda aquela tortura e devastação. Só que gente realmente má também existe aparece nesse livro, provando que a guerra pode simplesmente dar carta branca para atrocidades à quem já tem a índole ruim.


Você sabe o que é nem lembrar do gosto do café? Nem reconhecer o cheiro de pão saindo fresquinho do forno da padaria? Ter seu único sapato todo furado e não ter como comprar outro porque nem sequer existe mais um lugar onde vende?


O livro me fez refletir que nós, brasileiros, nunca soubemos como é estar em guerra (graças a Deus). Eu nem consigo imaginar como deve ser ter que mandar seu marido e/ou seus filhos pra lutar e não ter certeza de que vai encontrá-los de novo. Viver com racionamento de comida, perder amigos pra doenças e pros nazistas, ver mulheres e crianças apanhando, ser mandada pra campos de concentração, não se lembrar mais como é viver em paz. A gente dá como garantido todo o nosso conforto e estilo de vida, sem nunca se dar conta de que, de repente, você pode não ter mais nada. A incerteza que a guerra causa deve doer mais que um tiro no peito.


A Segunda Guerra Mundial nunca vai significar para nós o mesmo que significa pros países que realmente participaram dela, mas deveria servir de ensinamento pra todo o planeta terra. Logo, todos que vivenciaram os horrores desta guerra já vão ter partido dessa vida, mas temos que levar adiante as histórias de dor que eles contaram para que uma Terceira Guerra Mundial nunca tome forma.


É assustador ver que o Presidente Donald Trump, por exemplo, parece não se lembrar como foi estar em guerra, sendo que os pais dele estavam vivos na época e devem ter contado a ele todos os horrores que ela proporcionou. Como ele pode não estar preocupado em ser uma das partes que pretende iniciar outra?


Pensar que agora mesmo, enquanto digito esse texto, tem gente passando por isso tudo em alguns lugares do mundo, parte meu coração em pedacinhos. Enquanto pra nós é como se nada estivesse acontecendo, para eles, é como se fosse uma guerra mundial. Não são só corpos que são destruídos, mas almas que são esmagadas.


Ler este livro foi um aprendizado de diversas formas. Kristin Hannah conseguiu passar conhecimento e emoção através de seus personagens fictícios, com uma escrita fluída e leve apesar da temática tão pesada.


É um romance, sim. Mas percebe-se que houve uma pesquisa intensa para que a história fosse fiel aos acontecimentos reais e isso dá um valor inestimável ao livro, pelos menos pra mim.


Não é só sobre os sofrimentos que a guerra ocasionou, mas sobre diferentes formas de amor e como ele pode sobreviver a quase qualquer coisa. Como pode renascer nos corações destruídos por anos de opressão e, ainda assim, criar recomeços repletos de esperança.








Vó, esse post é pra você. Não dividimos mais o mesmo plano existencial, mas gosto de acreditar que agora você pode ler o que eu escrevo de onde você estiver. Lembra quando nos falávamos no telefone por horas, conversando sobre os livros que eu li, os filmes que vimos e ríamos dos acontecimentos do dia a dia? Espero que você ainda consiga sentir aí de cima como o meu coração se aquece com essas memórias. Te amo pra todo o sempre.








P.s: Querido leitor, se você for como eu e minha avó, provavelmente vai querer saber mais sobre a ocupação nazista na França assim que terminar de ler este livro. Quando isso acontecer, volte e clique aqui.






Informações Adicionais: Título: O Rouxinol Autora: Kristin Hannah Editora: Arqueiro Média de preço: R$: 23,90 Sinopse e Opções de compra: Saraiva e Amazon


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