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Resenha | O Conto da Aia - Margaret Atwood

  • Larissa Freitas
  • 13 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura

Em regime aberto

Sempre gostei de distopias, embora tenha lido poucos livros com essa temática. É um assunto que me interessa e fiquei doida pra ler “O Conto da Aia” assim que fiquei sabendo o que Margaret Atwood abordava nele.


Inusitadamente, assisti a série antes do livro. Minhas amigas estavam alucinadas com “The Handmaid's Tale” e com a atuação da atriz Elisabeth Moss, o que já me deixou curiosíssima. Ainda resistindo a começar uma série nova (porque estava atrasada em várias que já assisto e ainda estou hahaha), acompanhei a exibição do Emmy 2017 e qual seriado concorreu a onze prêmios e ganhou oito deles? “The Handmaid’s Tale”. Aí já é demais, né? O destino (e as amizades) estava esfregando a série na minha cara, então, finalmente assisti.


Depois disso, foi uma sucessão de “que série maravilhosa”, “que cores lindas”, “que tema pesado”, “preciso ler o livro”, “o mais assustador é que não é tão longe da realidade assim” e, finalmente, “isso tudo pode acontecer de verdade”.


Encontrar similaridades em alguns aspectos da nossa sociedade atual em histórias que não apresentam um futuro muito agradável (nessas histórias, nunca é) é sempre aterrorizante. O livro foi lançado em 1985 e, de lá pra cá, muitas coisas não mudaram. Trinta e três anos não foram capazes de alterar pensamentos e atitudes que já não têm mais motivos para existirem.


Margaret Atwood escreve sobre um “futuro próximo” que sempre parece estar, realmente, a um virar de esquina. Perceber isso me fez sentir um grande desconforto, como se eu estivesse de mãos atadas em frente a uma situação revoltante, sabe? E acho que foi exatamente essa a sensação de Atwood quis causar a seus leitores. Essa consciência de que, de uma hora para outra, tudo que consideramos normal pode se tornar raro e estaremos impotentes em relação a isso.


De repente, você se pega questionando se realmente dá valor a tudo que tem (inclusive bens materiais), principalmente a liberdade. Estamos acostumados a possuí-la, mas bem sabemos que vivemos mesmo é em liberdade condicional: soltos no mundo, mas presos em diversas celas dentro de nós mesmos.


Offred, com seu vestido vermelho (uma cor tão ligada à sensualidade, mas usada em um contexto com suporte religioso de “santidade e graça”), veio para mostrar como a opressão pode vir disfarçada de luta por um “bem maior” e, mesmo assim, tomar seu corpo e alma devagarinho ou de uma só vez.


Conhecer “O Conto da Aia” foi uma mistura de choque e amor à primeira vista. A história em si é como se fosse um tapa na cara, seja ela contada através de palavras faladas ou escritas.


A leitura em si pode ser um pouco lenta, mas uma vez que você e Offred se tornam a mesma mulher (e isso acontece independente do seu sexo), não quer mais parar de ler. Se você tem dificuldade com narrativas vagarosas, experimente assistir ao seriado antes. Sim, você leu isso certo. É que ela preenche lacunas deixadas pelo livro e isso pode te animar a iniciar (ou continuar) a leitura.


Por isso, se você ainda não leu o livro ou assistiu a série, shame on you. Você tem à sua disposição duas formas de absorver esse conteúdo maravilhoso e repleto de simbologias. Tenho certeza absoluta que um levará ao outro e nenhum irá te decepcionar.

Informações Adicionais: Título: O Conto da Aia Autora: Margaret Atwood Editora: Rocco Média de preço: R$: 27,50 Sinopse e Opções de compra: Saraiva e Amazon


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